A Polícia Federal (PF) destruiu quatro minas subterrâneas de garimpo ilegal em Maués, no Amazonas, durante a "Operação Mineração Obscura 2", realizada no início de fevereiro. A ação foi motivada por denúncias de exploração de mão de obra degradante e uso de substâncias altamente tóxicas, como cianeto e mercúrio, na extração ilegal de ouro.
A operação foi conduzida em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo a PF, o garimpo subterrâneo alvo da ação é um dos mais antigos do Brasil, e esta foi a primeira vez que as autoridades conseguiram resgatar trabalhadores da atividade ilegal.
Trabalho análogo à escravidão e riscos à saúde
O MPT identificou mais de 50 trabalhadores no local, entre garimpeiros, cozinheiras e gerentes, todos submetidos a condições análogas à escravidão. Os profissionais estavam sem acesso a direitos básicos e expostos aos perigos do uso de substâncias químicas tóxicas, além do risco de desabamento das estruturas subterrâneas. Com a chegada das equipes, a maioria dos trabalhadores fugiu, mas quatro permaneceram e foram resgatados.
O cianeto e o mercúrio encontrados no local representam riscos graves à saúde humana e ao meio ambiente. O cianeto é altamente tóxico e pode ser letal em caso de exposição, enquanto o mercúrio, utilizado na separação do ouro do solo, contamina rios e lençóis freáticos.
Danos ambientais bilionários
Os impactos ambientais da atividade ilegal são alarmantes. De acordo com os órgãos responsáveis, a rede de túneis subterrâneos causou danos ambientais estimados em mais de R$ 1 bilhão. A degradação inclui desmatamento, destruição de áreas de preservação ambiental e contaminação dos lençóis freáticos, prejudicando populações locais e ecossistemas da região amazônica.
Após a operação, os trabalhadores resgatados foram encaminhados a seus locais de origem. A PF segue investigando os responsáveis pelo garimpo ilegal e os impactos da atividade na região.
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