No Amazonas já foram notificados 51 casos da síndrome de rabdomiólise, distribuidos na capital e em 07 municípios, sendo 36 em Itacoatiara, 4 em Silves, 4 de Borba, 2 em Manaus, 2 em Parintins, 1 em Caapiranga, 1 em Autazes e 1 em Maués

Entre os casos de rabdomiólise notificados no Amazonas, um vem preocupando moradores de Caapiranga e Manacapuru, municípios que têm o leito do rio Manacapuru em suas terras.

O rio Manacapuru é um afluentes do rio Solimões e um dos principais fornecedores de pescado para os dois municípios, abastecendo não só as duas cidades como também enviando peixes para a capital.

Com a chegada do período de vazante, é comum os cardumes deixarem os afluentes e seguirem para o leito dos grandes rios, em cada região. Nesse período dezenas de pescadores sobrevivem da pesca no leito, lagos e na boca dos rio, local de encontro das águas. Esse fenômeno ocorre bem próximo a cidade de Manacapuru, onde os rios Manacapuru e Solimões se encontram, local de pesca de peixes seguem para o rio.
Com a aparição de um caso da rabdomiólise em Caapiranga, município que tem sua sede e território no Lago do Caapiranga e Rio Manacapuru, o registro da 'urina preta' preocupa consumidores e pescadores da região.
A pergunta é, teria sido a doença causada pelo consumo de peixe da região?
Pescadores temem que o problema afete o consumo é consequentemente a comercialização do produto, que tem nesse período de vazante, o ponto alto da produção de pescado, porque segundo pescadores a partir de 15 de Novembro, período da desova, alguns espécies ficam com a pesca proibida.

Pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária), Roger Crescêncio, ligado ao setor da piscicultura, fala e explica sobre a doença Rabdomilióse causa pelo consumo de peixe.
O Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Vigilância em Saúde – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), montou uma força-tarefa com especialistas que atuam em diferentes órgãos do Estado com o objetivo de investigar mais a fundo possíveis causas e formas de combate ao surto de rabdomiólise, detectado recentemente em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus). O grupo segue para o município nesta quinta-feira (02/09).

A ação foi definida na manhã desta quarta-feira (1º/09), em uma reunião na sede da Fundação que contou com a presença de representantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
“Essa força-tarefa que estamos articulando com outros órgãos é justamente para gente coordenar uma ação conjunta, principalmente porque envolve a produção rural, os pescadores artesanais, envolve questões relativas à cadeia econômica, mas, principalmente, a saúde pública. Nossa preocupação é com a segurança alimentar e com a saúde da população”, destacou Cristiano Fernandes, diretor-presidente da FVS-RCP.
Investigação – O surto de rabdomiólise vem gerando preocupação entre os amazonenses para além de questões relacionadas à saúde. O principal receio no momento é quanto ao consumo de peixes, algo bastante popular em todo o estado e que vem sendo apontado, indevidamente, como culpado pela transmissão da doença.
De acordo com o superintendente federal de agricultura no Amazonas, Guilherme Pessoa, ainda é cedo para fazer essa relação. “Nos parece ainda precipitado correlacionar isso com o consumo de peixe de modo geral. Nós já temos a certeza de que peixes de tanque, da piscicultura, não existe nenhum relato no mundo que possa ser associado com rabdomiólise”, explica.
“Então o que está sendo feito é uma força-tarefa para poder a gente trazer o máximo de informações de campo, ao mesmo tempo processar amostras e correlacionar, ver se encontra toxinas ou ação de algum microorganismo que possa justificar o surto de rabdomiólise”, completa o superintendente.
Segundo o titular da Sepror, Leocy Cutrim, a preocupação é que a indevida associação do peixe como vetor da doença, aliada à proliferação de notícias falsas, possa afetar diretamente o setor primário e toda uma cadeia de produção que envolve a atividade pesqueira e o consumo do alimento no estado.
“Nós da Sepror estamos preocupados com a questão da diminuição do consumo de pescado por consequência de o estado ser o um dos maiores consumidores de pescado do Brasil. A gente precisa dar essa resposta à população com tranquilidade, sem criar pânico como vem ocorrendo principalmente nas redes sociais”, diz.
Atualização de casos no Amazonas – Nesta quarta-feira (1º/09), a FVS-RCP recebeu mais sete novas notificações de rabdomiólise. Ao todo, são 51 casos da síndrome notificados no estado, 36 em Itacoatiara, quatro em Silves, quatro de Borba, dois em Manaus, dois em Parintins, um em Caapiranga, um em Autazes e um em Maués.
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